Uma frase de cunho racista foi encontrada no interior de um banheiro no campus sede da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) nesta terça-feira (24).
Os dizeres “preto bom é preto morto” foram registrados à caneta em uma das paredes do banheiro masculino do prédio do Centro de Tecnologia (CT) e gerou indignação na comunidade universitária. Até o momento de publicação desta reportagem, não há suspeitos do crime.
Após tomar o conhecimento do caso, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da UFSM encaminharam, ainda na tarde desta terça-feira, um ofício à Reitoria e à direção do Centro de Tecnologia solicitando providências acerca do crime.
Posicionamento
Em nota, a UFSM afirmou que repudia qualquer forma de preconceito, e considera se tratar de um ato “totalmente covarde”, por ser registrado em um banheiro, onde não há câmeras de segurança. A nota também informa que o local foi isolado, e que foi aberto um processo de investigação “através das vias administrativas e judiciais cabíveis”. Confira abaixo a nota da UFSM na íntegra:
A Universidade Federal de Santa Maria repudia, mais uma vez, qualquer forma de preconceito, racismo, agressão, assédio, abuso de poder, violência verbal ou física dentro e fora da Instituição.
Frente à manifestação racista registrada no prédio do Centro de Tecnologia da UFSM, a Gestão informa que tomou ciência do fato no dia de hoje, 24 de janeiro, isolou a área e está abrindo o processo de investigação através das vias administrativas e judiciais cabíveis.
Esse tipo de manifestação fere os princípios da diversidade e da pluralidade, que constituem a sociedade e nossa instituição. Além de ser totalmente covarde, pois foi registrada em um banheiro, local em que não há câmeras de segurança, dificultando as investigações. Ainda assim, a UFSM fará o possível para encontrar o responsável e aplicar as devidas punições.
Qualquer situação semelhante deve ser denunciada por meio da Ouvidoria no site www.ufsm.br/ouvidoria.
Gabinete do Reitor
Crime
O crime de racismo foi definido na Constituição de 1988. Este tipo de preconceito também está tipificado por meio de uma lei de 1989 que o define como imprescritível e inafiançável, ou seja, o crime pode ser julgado independente de quando foi cometido e não admite pagamento de fiança para soltura do preso.
Diferente da injúria racial, o crime de racismo atinge todo um grupo social. Ele ocorre de várias maneiras, mas principalmente tem como elemento principal a negação ou dificultar o acesso de pessoas em detrimento de sua raça ou grupo étnico.
O Bei entrou em contato com a Delegacia da Polícia Federal em Santa Maria, que afirmou não ter recebido nenhuma informação acerca do fato. Segundo a titular da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICOI), que investiga crimes de racismo e injúria racial, delegada Debora Dias, nenhuma ocorrência foi registrada na Polícia Civil sobre este fato. No entanto, a delegada afirma que nesta quarta-feira (25) serão feitas as diligências.